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"Os livros nos dão conselhos que os amigos não se atreveriam a dar-nos." Samuel Smiles
O último suspiro foi delicado
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O último suspiro foi delicado
Ontem no dia do meu 24º aniversário, morreu a minha última avó. Decidi escrever algo, para ela, mas sobre ela. Não escrevo para receber os pêsames, escrevo porque acredito que as palavras e sentimentos imortalizam mais uma vida do que a fé num suposto paraíso. E como despedida e dada a minha ausência da sua vida durante este tempo de faculdade, quero que ela saiba que estará comigo mais vezes do que possa imaginar.
Foi em 2012, posso precisar o dia, 27. Raras vezes fui capaz de esquecer este dia, mas a frágil força que este dia passou a ter, tornará essa raridade em algo todavia mais extraordinário.
Chamavam-lhe delicada, eu prefiro chamá-la guerreira, sim, assim foi, responsável por uma tribo de seres que hoje vagueiam por este pesado mundo, enquanto soltam subtis lágrimas.
Mãe de 9 filhos e mãe adoptiva de outros 6, avó e bisavó de dezenas de netos e bisnetos, deixou várias gotas soltas pela ilha, que juntas, formam a maior levada que por aqui circula.
Vítima resistente de Parkinson e Alzheimer, fez questão de rir, sem saber bem porquê, 15 minutos antes de decidir abandonar o já moribundo e chagoso corpo.
Se há algo que aprendi com ela, é que a cordialidade tem limites e que filhos da mulher são pessoas que se fingem normais. E hoje, aqui sentado, e sabendo que aquele ser que me deu vida já se esfumou na imensidão do incerto, tenho noção de que um quarto das minhas palavras é ela quem escreve, e por estar tão seguro disso como estou seguro da sua morte, não me inquieto, porque sei que ela persistirá em mim até o dia em que irei com ela, não para o falso céu dos cegados pela fé, mas sim para um ataúde, tão de madeira como o dela e tão gloriosamente ataviado como o tecto que agora a cobre.
Já no auge da missa, soltei lágrimas sem rumo, não por duvidar que agora está mais tranquila do que estava à meras horas, mas porque incapaz de ver uma imortalidade pregada por um ser lividamente vestido, e que distribui pão sem sal para saciar todas as desalmadas almas que compartem o meu sangue, não era capaz de entender qual poderia ser o próximo passo ou porque razão essa etapa tem de existir, senão para tranquilizar os que por cá ficam na incógnita, e no medo que poderão ser os próximos.
Hoje enquanto via as luzes da carrinha cinza que de longe deixava ver o castanho da lustrosa madeira e o brilho das pequenas velas, pensei, demasiado, pensei tanto, pensei no porquê de ser preciso viver um lúgubre momento para reaver velhos familiares, que continuam cá dentro bem guardados, neste escarlate coração, da mesma forma que estiveram aquando da minha infância. Pensei, se apesar do seu corpo estar ali deitado, estaria ela a espreitar os meus pensamentos e os dos demais, ou se realmente o nada já se tinha apoderado de tudo. Naquele momento o meu silencio foi ocupado por mais palavras que qualquer dicionário possa suportar.[img]
Foi em 2012, posso precisar o dia, 27. Raras vezes fui capaz de esquecer este dia, mas a frágil força que este dia passou a ter, tornará essa raridade em algo todavia mais extraordinário.
Chamavam-lhe delicada, eu prefiro chamá-la guerreira, sim, assim foi, responsável por uma tribo de seres que hoje vagueiam por este pesado mundo, enquanto soltam subtis lágrimas.
Mãe de 9 filhos e mãe adoptiva de outros 6, avó e bisavó de dezenas de netos e bisnetos, deixou várias gotas soltas pela ilha, que juntas, formam a maior levada que por aqui circula.
Vítima resistente de Parkinson e Alzheimer, fez questão de rir, sem saber bem porquê, 15 minutos antes de decidir abandonar o já moribundo e chagoso corpo.
Se há algo que aprendi com ela, é que a cordialidade tem limites e que filhos da mulher são pessoas que se fingem normais. E hoje, aqui sentado, e sabendo que aquele ser que me deu vida já se esfumou na imensidão do incerto, tenho noção de que um quarto das minhas palavras é ela quem escreve, e por estar tão seguro disso como estou seguro da sua morte, não me inquieto, porque sei que ela persistirá em mim até o dia em que irei com ela, não para o falso céu dos cegados pela fé, mas sim para um ataúde, tão de madeira como o dela e tão gloriosamente ataviado como o tecto que agora a cobre.
Já no auge da missa, soltei lágrimas sem rumo, não por duvidar que agora está mais tranquila do que estava à meras horas, mas porque incapaz de ver uma imortalidade pregada por um ser lividamente vestido, e que distribui pão sem sal para saciar todas as desalmadas almas que compartem o meu sangue, não era capaz de entender qual poderia ser o próximo passo ou porque razão essa etapa tem de existir, senão para tranquilizar os que por cá ficam na incógnita, e no medo que poderão ser os próximos.
Hoje enquanto via as luzes da carrinha cinza que de longe deixava ver o castanho da lustrosa madeira e o brilho das pequenas velas, pensei, demasiado, pensei tanto, pensei no porquê de ser preciso viver um lúgubre momento para reaver velhos familiares, que continuam cá dentro bem guardados, neste escarlate coração, da mesma forma que estiveram aquando da minha infância. Pensei, se apesar do seu corpo estar ali deitado, estaria ela a espreitar os meus pensamentos e os dos demais, ou se realmente o nada já se tinha apoderado de tudo. Naquele momento o meu silencio foi ocupado por mais palavras que qualquer dicionário possa suportar.[img]
Re: O último suspiro foi delicado
Palavras tem o incrivel poder da imortalidade meu caro. Vocês irão encontrar-se novamente pois a vida não acaba com a morte, é mais do que isso.
mantenha-a viva em sua memória e em seu coração.
mantenha-a viva em sua memória e em seu coração.
Nefertinny- Prefeitos do conselho
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Nome Vampirico:: Nefertinny
Classe: Professores
Afinidade: Fogo
Re: O último suspiro foi delicado
Nossa ...chorei aqui. Eu sinto muito mesmo. Vc nem tem ideia do quanto. Sei como é perder alguém a quem amamos muito.
Beatriz- Filhos de Erebus
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